desculpa

A sua Avó sempre foi uma mulher de espírito forte, mas Sofia Pratas Morais só começou a reconhecer essa força ao fotografá-la. Talvez a demora se deva à confusão entre força e agressividade ou mau feitio — e ao criá-la, a Avó foi sempre acolhedora. Mas agora, os papéis inverteram-se: Sofia é adulta, e a Avó, com a perda de memória, regressa a uma espécie de infância — sem filtros, mais próxima da sua essência. E mesmo assim, ou talvez por isso, diz repetida e firmemente “Não!” à câmara, num gesto de auto-afirmação.Este trabalho levanta questões éticas difíceis para Sofia, que reconhece, que apesar da sua Avó não compreender o conceito de exposição pública, o seu desconforto é inerente às imagens. Ainda assim, Sofia decide continuar, porque acredita que esta força merece ser partilhada, e porque sabe que isso não a afeta. Fá-lo com orgulho, para a homenagear.