Beirute 75-15

Beirute 75-15

Stéphane Lagoutte

O fotógrafo se apaixona por uma mulher que o leva a Beirute, no Líbano. Fica deslumbrado com a cidade, confluência do atual, do passado, da história, do arcaico. Ele saca sua câmera. Ele faz a parte dele. Afunda e tece e escorrega nos interstícios.

Ruas entrelaçadas, figuras em suas janelas, prédios crivados de lembranças dolorosas. Por amor, o fotógrafo se desvia. Hotel de luxo abandonado, escadas incertas e abaixo, no esconderijo da cidade, uma boate cochilando sob um manto de poeira. Ali, ao lado de concreções indefiníveis, ele se depara com os negativos de outro fotógrafo, talvez morto, as imagens de um fantasma em suma.

Durante três anos, o Fotógrafo Volta e passeia pelas Ruas Libanesas. As imagens acumulam mais não são suficientes. O aparelho fica esterilizado, não vai.

De volta a Paris, ele exuma, com cuidado, um a um, os antigos negativos obrigatórios. De repente, outra vida aparece. Homens e mulheres dançam, bebem álcool e conversam, riem, se amam. Eles ainda não têm medo. Esta é a vida antes de 1975. Antes desta guerra civil da qual ninguém sairá ileso.

Enquanto um casal retrocede após anos de separação, imagens do auge de seu casamento são colocadas em suas celas. Beirute 1975 – 2015. Sobreposição temporal, duas solidões se encontram e se abraçam. Assim, o fotógrafo Stéphane Lagoutte, por se tratar dele, consegue tecer um presente engrandecido e comovente.

Suas imagens não testemunham, elas agem. Eles não param o tempo, eles o desdobram.